A Cicatriz no meu Pescoço

No começo da década de 70 eu morava na Vila Monte Alegre e em uma das aventuras que qualquer jovem da época vivia, acabei numa noite de sexta-feira sofrendo um acidente onde sem querer bati contra uma cerca de arame farpado ferindo meu pescoço e o corpo todo. Fui atendido no hospital na mesma noite e graças a Deus não foi grave. Mas as marcas do arame ficaram gravadas no meu pescoço. E no outro dia (sábado de manhã) quando eu saí pela rua passear, todo mundo queria saber o que tinha acontecido. Uns diziam que era ladrão que tinha feito aquilo, outros que eu tinha apanhado numa briga. Na segunda- feira então quando fui trabalhar na cerâmica, parecia que eu tinha feito aquelas marcas no pescoço pra chamar atenção, todo mundo queria saber o que aconteceu. Eu na inocência de um jovem adolescente pensava comigo:- Como ficaram sabendo do acidente? Fomos em 3 amigos no Hospital, lá fui atendido na mesma hora e liberado porque não tinha ninguém. Pedreira não tinha rádio nem TV, não existia Facebook nem Whatsap nem Internet nem grupo nenhum. O jornal que tinha na época só dava notícia de rico e político. Como tanta gente em tão pouco tempo ficaram sabendo que eu tinha batido contra uma cerca de arame farpado? E até hoje quando alguém me encontra e lembra do fato, pergunta o que aconteceu. As redes sociais na internet ajudam hoje em dia, mas a história já existe desde o começo do mundo. Copiou internautas? Então cole, arquive. Mas se apagar acidentalmente a memória humana já foi gravada pra sempre!!!

Texto do livro Ditinhos Os Filhos do Futuro